domingo, 26 de maio de 2013

Leituras

 

Jamais apanharão Seguro a caminho de Damasco, por causa das coisas

por Valupi / Aspirina B


A recente conversão de Lobo Xavier à objectividade histórica, declarando que a entrega de Portugal à Troika foi obra do PSD e do CDS, chega com dois anos de atraso. Mas chegou, honra lhe seja feita. É o equivalente, para os direitolas, à queda de Saulo a caminho de Damasco. Porque, a haver módica coerência, Lobo Xavier deveria a partir de agora arrepender-se da sistemática perseguição que fez ao Governo minoritário de então, tendo alegremente contribuído para os assassinatos de carácter dirigidos a Sócrates e a qualquer um que estivesse ao seu lado. E não só. Teria igualmente de completar a análise, avaliando e qualificando a acção dos agentes que podendo ter protegido a população portuguesa das piores condições possíveis numa período de crise internacional inaudita e colossal não o fizerem, antes se aproveitaram das fragilidades sistémicas e conjunturais da nossa pertença à União Europeia e à Zona Euro para se vingarem e conquistarem o poder. O preço é desastroso, duplamente catastrófico: não só estamos sujeitos a constrangimentos muito mais penosos e difíceis de alcançar como temos na governação os mais ineptos e os mais fanáticos da destruição económica e do sofrimento como castigo moral.
Contudo, não deixa de ser ridículo ver aqueles que tratam Lobo Xavier como alguém que acabou de descobrir a pólvora, quando ele é apenas um tipo que passou dois anos a apoiar o vizinho que batia na mulher, dizendo-lhe que ela era uma puta reles, só para de repente mudar o bico ao prego por razões não explicadas. E não deixa de ser patético – ou melhor: trágico – constatar que dois anos depois um passarão do calibre e tipologia de voos como Lobo Xavier é capaz de verbalizar aquilo que nunca até hoje ouvimos ao secretário-geral do PS, o dito líder da suposta oposição.





 

Sem comentários:

Enviar um comentário