sábado, 14 de julho de 2012

E de novo Lisboa...

Alexandre O'Neill




E de novo, Lisboa, te remancho,
numa deriva de quem tudo olha
de viés: esvaído, o boi no gancho,
ou o outro vermelho que te molha.

Sangue na serradura ou na calçada,
que mais faz se é de homem ou de boi?
O sangue é sempre uma papoila errada,
cerceado do coração que foi.

Groselha, na esplanada, bebe a velha,
e um cartaz, da parede, nos convida
a dar o sangue. Franzo a sobrancelha:
dizem que o sangue é vida; mas que vida?

Que fazemos, Lisboa, os dois, aqui,
na terra onde nasceste e eu nasci?

1 comentário:

  1. gosto do O'Neill. Não conhecia esta. Colocares aqui Lisboa com belas pernas e sandálias vermelhas tem a sua originalidade, gostei tb, talvez seja preciso ser homem para a ver assim :)

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