terça-feira, 27 de março de 2012

O Beijo

Alexandre O'Neill




Congresso de gaivotas neste céu
Como uma tampa azul cobrindo o Tejo.
Querela de aves, pios, escarcéu.
Ainda palpitante voa um beijo.

Donde teria vindo! (Não é meu...)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
Mandado de captura ou de despejo?

É uma ave estranha: colorida,
Vai batendo como a própria vida,
Um coração vermelho pelo ar.

E é a força sem fim de duas bocas,
De duas bocas que se juntam, loucas!
De inveja as gaivotas a gritar...

1 comentário:

  1. Gostei muito do poema, como gosto de Alexandre O'Neill. Deixo-lhe aqui outro por o saber amante das palavras. Bj

    http://youtu.be/mCsCinOI9HE

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