
A malta que odiou Sócrates durante seis anos, que o odiou tanto que perdeu a moral em jogos corruptos dos media, de pequenas produções distorcidas na blogosfera, que o odiou tanto que calou a boca perante ataques de carácter sem prova alguma, que o odiou tanto que abraçou a derrotada conspiração ancorada na política da “verdade” e da “transparência”, a malta que odiou tanto que os portugueses o tivessem legitimado, a malta que agradecia a qualquer feiticeiro, mesmo que instrumental e mal-amado, como Cavaco, a malta que queria o homem fora dali por todos os meios que não o da democracia, essa malta viveu de um ódio tão cego que vive hoje com a consequência da intensidade do único sentimento que supera tanto ódio.
A direita ganhou as eleições, mas a malta passou anos a dedicar 24 horas por dia ao mentiroso, ao corrupto do Sócrates, que fazer agora? A direita ganhou as eleições e viajou para a demência europeia da recessão, é atacada pela própria direita, a malta anda desocupada de cabeça, que fazer com o tempo de tantos idiotas-inúteis, mas tão dedicados?
De repente, uma luz. Sócrates reaparece e permite-lhes esta citação para, no seu nervoso vazio, brincarem ao passado e, como que entre duas imperiais, exclamarem a admissão de culpa do ex-PM: “pagar a dívida é uma ideia de criança”. Iupi.
Acontece que se as pessoas não lerem apenas um slogan publicitário que foi feito com esta frase pelos idiotas-inúteis do costume, verificarão essa coisa que é usual sustentar uma frase e que leva o nome de contexto. Verificarão, também, que Sócrates tem toda a razão.
O que ele diz é que em países como Portugal (e outros), com as necessidades de investimento na economia, de investimento público, etc, nunca estamos numa situação de não-dívida. Diz, claro, que ela tem de ser controlada – ou seja, manter-se abaixo de certos limites, por causa das consequências óbvias, mas não há, dadas as nossas necessidades possibilidade de pagar toda a dívida, coisa, claro, de crianças.
Nada mais certo. E os idiotas-inúteis logo se agarram ao seu alvo principal, naturalmente, tristes que estão com a direita vencedora que sobre boa dívida disse zero.
Gira, ainda, a inistência permanente nos “6″ anos de horror financeiro de Sócrates..gente esquecida que os primeiros desses anos foram a diminuir drasticamente e com sucesso o défice espectacular herdado de um certo governo de direita, que chegou a tal desastre sem crise internacional, imagine-se.
Querem, pois, um país sem dívida. Há uma receita: zero investimento e empobrecimento. Releiam os números de Salazar, homem que sabia muito de finanças, que gostava de um portugalinho rural e atrasado, homem avesso ao desenvolvimento económico e satsfeito com menos de uma mão cheia de famílias com poder económico e ao seu serviço.
Dívida zero. Temos defensores.
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