sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Ney Matogrosso | Um Brasileiro

Ney Matogrosso interpreta Chico Buarque. Ney desde cedo demonstrou vocação artística: cantava, pintava e interpretava. Até completar 17 anos, morou em vários lugares em função da carreira militar do pai.

Na fase pré-artística, trabalhou no laboratório de anatomia patológica do Hospital de Base de Brasília, a convite do primo. Mas desembarcou no Rio em 1966, porque era preciso correr atrás do sonho. Sobreviveu como artesão de peças de couro. Ney adotou completamente a filosofia de vida hippie, até conhecer o compositor João Ricardo, que o convidou para ser o cantor do grupo. O artista Ney Matogrosso se revelaria ali, com sobrenome que pegou emprestado de seu pai. O “Secos & Molhados” viajou o Brasil de ponta a ponta, com repertório composto principalmente por canções de João Ricardo. O conceito era a palavra, eram basicamente poemas musicados. Diz Ney: “Nossa postura era desafiadora, transgressora, mas o repertório era pop. Não era rock´n roll. Não tinhamos disco, mas cada vez que se anunciava “Secos & Molhados”, a lotação de qualquer casa se esgotava. Me tornei destaque, sem querer destaque algum. Eu gerava, naturalmente, muita curiosidade nas pessoas. A gravadora Continental lançou nosso 1º disco, achando que venderia 1.500 unidades em um ano. Vendeu em uma semana! Como o mercado vivia uma crise de vinil, a gravadora começou a aproveitar discos de outros artistas que não estavam vendendo, derretendo-os para fazer o nosso... Que vendeu mais de um milhão de cópias em meses! Foi inédito! Naquele momento, só Roberto Carlos vendia mais!”.

Como nem tudo são flores, Ney começou a se rebelar contra os desmandos de João Ricardo, que chegou a proibi-lo de dar entrevistas, obviamente sem sucesso. Ele diz: “Estávamos gravando o segundo disco e decidi deixar o grupo assim que terminasse de gravar. A gravadora me pediu para não oficializar a saída até o lançamento.

Ney Matogrosso começou sua carreira-solo decidido a não abrir mão de uma liberdade total e absoluta. Queria causar impacto no público e conseguiu, transgressor como sempre. Além do sucesso como cantor e intérprete, onde sua voz visita Cartola, Chico Buarque, Cazuza, Rita Lee, Caetano Veloso, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, entre tantos outros, Ney Matogrosso é reconhecido como ótimo e sensível iluminador de espetáculos, além de ser muito elogiado em seus trabalhos como diretor.

Já tendo lançado cerca de 40 discos na carreira, esta postagem é do disco “Um Brasileiro”, lançado pela Polygram em 1996, onde o artista interpreta Chico Buarque. Para escolher o repertório, Ney conta que foi sozinho para o seu sítio, carregando tudo. Daí percebeu que em suas primeiras seleções, predominava o trabalho de Chico das décadas de 60 e 70. Esta fase acabou sendo o foco. Completa Ney: “João Bosco disse que nunca havia compreendido tão bem as músicas do Chico, quanto no meu show. E Chico me chamou de co-autor. Não pode haver comentário melhor que esse!”. Ousadia, determinação e talento: isto é Ney Matogrosso!







Bateria – Wilson das Neves/Baixo Acústico e Elétrico – Bruce Henry/Guitarra e Violão – Ricardo Silveira/Percussão – Zero/Sax - Zé Nogueira/Trompete – Márcio Montarroyos/Piano e Arranjos – Leandro Braga. Participações especiais: José Belmiro “Trambique” (surdo, reco-reco, tamborim e repique), Jaques Morelenbaum (cello) e Carlos Fernando Fortuna (oboé). Chico Buarque participa na faixa “Até o Fim”.


00:00:00 Construção 
00:05:18 Moto-Continuo (Edu Lobo/Chico Buarque)
00:09:06 Cala a Boca, Bárbara (Chico Buarque/Ruy Guerra)
00:13:38 Mil Perdões
00:16:37 Valsinha (Chico Buarque/Vinicius de Moraes)
00:19:28 Minha Historia (Gesubambino) – (Dalla/Pallotino – Versão: V. Moraes/C. Buarque)
00:22:51 Soneto
00:26:00 Roda Viva
00:29:50 Corrente
00:33:28 Bom Conselho
00:36:37 Partido Alto
00:40:28 Homenagem ao Malandro
00:43:23 Até o Fim
00:46:43 Almanaque
00:50:18 Acalanto para Helena (incidental)
00:50:59 A Banda
00:54:08 Nao Existe Pecado ao Sul do Equador (Chico Buarque/Ruy Guerra)



* Todas as faixas de autoria de Chico Buarque, exceto as parcerias indicadas entre parênteses.





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