quinta-feira, 8 de outubro de 2015

«De onde é que pensam que vêm os votos no Bloco de Esquerda?»

Pacheco Pereira na Sábado:
                     
    «(…) 3. Contrariamente ao que hoje se repete de forma arrogante, não é verdade que toda a gente assumisse como favas contadas a derrota da coligação. No último programa da Quadratura com António Costa, foi exactamente isto que lhe disse. No prefácio para o livro de Bernardo Ferrão e Cristina Figueiredo sobre Costa escrevi o seguinte, que reafirmo de novo como interpretação do que correu mal com o PS: "Daqui a poucas semanas, António Costa enfrenta o seu destino manifesto e não pode falhar. (...) O País precisa de gente zangada, indignada, furiosa com o estado em que Portugal está, com as malfeitorias que têm sido feitas aos portugueses, com o cinismo face aos desempregados, aos reformados, aos pensionistas, com a linguagem de divisão dos portugueses entre novos e velhos, com os velhos a 'roubarem' aos novos o seu futuro, com a apologia da lei da selva no trabalho, com o desprezo colateral e assistencial pela pobreza. São causas maiores e estes portugueses estão sozinhos e correm o risco de ficarem invisíveis. É com eles que se pode ganhar eleições a sério e, mais ainda, mudar o que é preciso. Se Costa passar ao seu lado, passa ao lado do destino que deseja."

    4. Foi o que aconteceu: Costa dirigiu a campanha do PS para um "centro" que não existe, e que é hoje um mito da análise, e que, se existisse, preferia o original, a PAF, à imitação, o PS. A coligação PAF não é do centro-direita, mas da direita, e o PS propôs no seu "programa dos economistas" uma variante do programa de "ajustamento". Contrariamente ao argumento ad terrorem da coligação, o PS fez uma campanha à direita e perdeu exactamente por isso. Ou de onde é que pensam que vêm os votos no Bloco de Esquerda? (…)»

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