sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Leituras

Sondagem DN: PS no limiar da maioria absoluta


por Manuel Carlos Freire | Diário de Notícias
Sondagem DN: PS no limiar da maioria absoluta

O PS ganha com 45% dos votos e fica "à beira da maioria absoluta" se as eleições legislativas se realizassem agora, deixando o PSD a 17 pontos percentuais.

Os resultados são de uma sondagem da Universidade Católica para o DN, JN, RTP e Antena1 divulgada esta sexta-feira.
"Uma distribuição de votos como a estimada neste barómetrosignificaria muito provavelmente uma maioria absoluta para o PS", considera o Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESOP) da Católica.
O CESOP assinala, contudo, que "esta sondagem não permite fazer uma previsão da distribuição de deputados". Depois lembra que a maioria absoluta do PS em 2005 foi conquistada com 45% dos votos, os 44% obtidos em 2009 foram insuficientes.
Face à sondagem de abril de 2014, a diferença entre PS e o PSD passa de seis para 17 pontos percentuais, dado que os sociais-democratas recolhem 28% dos votos.
O PSD perde dois pontos percentuais em relação à sondagem de abril.
CDS/PP tem 4% dos votos (os mesmos de abril), pelo que os partidos da coligação no Governo ficam com 32% dos votos.
A CDU (PCP e Verdes) fica em terceiro lugar, com 10% dos votos e perdendo dois pontos percentuais face a abril passado.
BE, em quarto lugar e com os mesmos 4% dos centristas, é o mais afetado pela subida dos socialistas pois perde três pontos percentuais face aos resultados de abril.
Com 20% dos inquiridos a dizer que ainda não sabem se votam (21% em abril) e 18% a afirmar que não votam (21%), os votos brancos e nulos chegam aos 5% (contra 7% em abril passado).
Oito por cento dos inqiuridos recusam responder, mais um ponto percentual que em abril.

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A poesia disto

por FERNANDA CÂNCIO | Diário de Notícias

Vítor Bento, lembra-se? É aquele senhor calvo que adora dar-nos sermões. De como "andámos a viver acima das nossas possibilidades"; como o aumento do desemprego tinha mesmo que ser; como os salários tinham mesmo de baixar; como o Tribunal Constitucional não pode continuar a obstaculizar cortes de pensões e remunerações; como sem "reforma do Estado" não vamos lá.
Ora este senhor, que escreve livros onde explica que "todas as escolhas são morais", escolheu presidir a duas instituições financeiras privadas sem nunca largar o lugar no Banco de Portugal (BdP), onde entrou em 1980 e de resto pouco esteve. Enquanto presidente da SIBS (de 2000 a 2014) e depois do BES/Novo Banco (de julho a setembro), manteve-se em licença sem vencimento do BdP - por sinal supervisor das duas e que no caso do BES até o intervencionou. Nada que alarmasse o sentido ético deste desprendido (até prescindiu de indemnização pelos dois meses no BES, vejam lá) inimigo figadal de "rendas excessivas" que escolheu também, soube-se em 2008, pedir para ser promovido durante a licença porque, explicou em comunicado na altura, se tinha dado conta de um problema: "O da desatualização da remuneração de referência para a reforma em virtude do congelamento da carreira no BdP." Pressuroso, o Bdp atualizou-lhe o salário para cerca de 11 mil euros. No mesmo comunicado, Bento assegura ter decidido assumir "os encargos financeiros decorrentes para o Fundo de Pensões". Ora sabendo-se que no BdP uma parte é paga pelo funcionário e outra pela instituição, tal leva a questionar quem estava (e terá continuado) a assumir os encargos decorrentes do nível salarial anterior. Será que durante todo o tempo que esteve no setor privado Bento beneficiou de contribuições do BdP em prol da sua reforma? "Informação relativa à esfera privada do trabalhador", responde o BdP.
O escândalo da resposta não espanta. Vem da mesma casa que tudo isto permite e se dá até ao luxo de comunicar falsidades, como quando, a 19 de julho, declarou ao i que Bento (o qual nunca desmentiu) tinha saído do BdP a seu pedido e antes de tomar posse no BES - saída a que estaria obrigado pela lei orgânica do BdP, que proíbe aos funcionários da instituição integrar os corpos sociais de qualquer entidade sujeita à sua supervisão. A mesma casa que agora, ante o regresso de tão pródigo filho como consultor da administração, diz que este afinal tinha pedido a reforma, mudou de ideias mas não há problema. Nenhum. Porque afinal, descobriu o BdP, "a licença sem vencimento suspende o vínculo laboral". Era chato dizer a verdade: que as regras, as leis, as "reformas do Estado", os "ajustamentos", a moralidade e a transparência não se aplicam aos BdP, Carlos Costas e Bentos. Já o direito aos direitos, todos. Foi adquirido por quem pode, como manda o mercado.



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