quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Assombro / Maria Teresa Horta



Dá-se a paixão deslumbrada
sítio da bala onde arde
a turvação acossada

Sangue de faca e de esmalte
no disfarce mascarado
de afago fogo e de enlace
...

No qual vou e me entrego
sem rebuço e me relato
me prendo e sou desacato

Desliza a dor no silêncio
posto o amor no disfarce
onde a distância insinua
a impureza e o desgaste

Tudo aquilo onde a paixão
no excesso despoja a cura
rude chama que não arde

Rio que desce da lonjura
rola cresce e nunca sabe
a urgência ou a secura
se corre ao longo da face

Dúbia débil e obscura
corta colhe e sem alento
tolhe tira e se insinua

Desatando o desalento
a deportar em seguida
a flor do pensamento


(in "Inquietude")

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