"Allô! Allô!", os americanos escutam
por Ferreira Fernandes / Diário de Notícias
Depois das revelações sobre o Brasil, o México e a Alemanha, soube-se que também
a França foi alvo de espionagem maciça feita pela NSA, a agência de segurança
americana. A América é mesmo democrática, com ela nem há um mais igual do que os
outros, todos levam com as escutas. Ontem, o jornal Le Monde explicou o que a
palavra maciça faz nesta história: num mês, entre 10 de dezembro de 2012 e 8 de
janeiro de 2013, foram gravadas 70,3 milhões chamadas telefónicas francesas! É
gravação a mais só para os terroristas de um país (aliás, aliado). A curiosidade
americana estendeu-se a todos os que em França mandam alguma coisa, das finanças
à política, e até a todos que tenham dito ao telefone alguma frase ou expressão
considerada suspeita. Atendendo aos números astronómicos avançados, é provável
que na sede da NSA, em Fort Meade, no estado de Maryland, se julgue que a tão
popular interjeição francesa "oh là là" seja um termo em código para "Ahmed,
passa-me a bomba..." Ontem, o embaixador americano em Paris foi chamado a
prestar contas e espera-se que não tenha tentado desanuviar o encontro dizendo
ao ministro dos Negócios Estrangeiros francês: "Já sei que o Presidente Hollande
lhe telefonou muito zangado..." Entre os do meio, a sigla NSA era conhecida por
"No Such Agency", o que traduzido dá "Isso Não Existe". O erro, pois, não está
na espionagem, está no escândalo. Nada menos profissional do que um espião
apanhado.
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