sábado, 10 de agosto de 2013

Um socialista excepcional

 

Valupi. / Blog Aspirina B


Seguro – corrijam-me se estiver enganado, é o actual secretário-geral do PS – não tem qualquer opinião sobre a actividade do Governo anterior no que diz respeito aos swaps. Não estava lá, não viu, não foi nada com ele, cruzes canhoto. Mas vai ter. Assim que a comissão de inquérito apresentar as suas conclusões poderemos descobrir o que pensa Seguro destas complicações. Porque ele vai pensar exactamente o mesmo que sair a público. Eis como o mais recente ideólogo da “política de verdade” apresenta a questão:
Sobre a eventual responsabilidade do PS nesta matéria e se o partido deveria ter outra forma de encarar esta situação, Seguro reiterou: “É para isso que há uma comissão de inquérito. As comissões de inquérito existem para se apurar a verdade e quando estão envolvidos dinheiros dos contribuintes essa verdade tem que vir ao de cima”.
Duas inovadoras ideias: (i) as comissões de inquérito chegam à verdade; (ii) quando há dinheiro dos contribuintes na berlinda, essa verdade na posse das comissões de inquérito consegue mesmo trepar por ali acima e aparecer à tona da comissão – já nos casos em que não haja pilim, temos pena, a verdade poderá ficar submersa.
Outro grande momento que este momento político está a oferecer a todos os apreciadores de grandes momentos consubstancia-se na declaração:
Na política não somos todos iguais. Eu abomino a baixa política e a política feita sem ética.
É um facto. Há dimensões onde somos todos iguais. Estou a pensar, especificamente, na primeira dimensão, sendo que a partir da segunda as coisas já se começam a complicar, e quando chegamos à quarta, então, é caso para dizer que nem dois gémeos monozigóticos são iguais. Outros autores defendem que há situações e lugares onde somos todos iguais, e dão como exemplo os transportes públicos, a praia, o médico e a feira da Malveira.

Porém, chega-nos a palavra de Seguro para acreditarmos no que nos está a transmitir. É que não falha. Seguro abomina tanto a baixa política e a política feita sem ética que anda há dois anos a ver os seus camaradas de partido que tiveram responsabilidades governativas no passado recente a serem difamados e caluniados diariamente sem que alguém lhe consiga arrancar uma qualquer palavra de defesa individual ou do grupo. E isso mostra o grau da sua abominação, pois estudos feitos com rãs provam que quando um animal atinge o grau máximo da abominação já não consegue falar. Os cientistas chegaram a esta descoberta depois de passarem longos meses a insultarem as rãs sem nunca terem registado qualquer declaração das próprias contra o tratamento a que estavam a ser sujeitas.

Seguro, no entanto, não precisava destes dois anos para mostrar que não é igual aos outros. Basta lembrar que ele foi um dos dois ou três deputados socialistas que aplaudiram esse monumento de alta política e perfectibilidade ética que Cavaco deixou na Assembleia da República no dia 9 de Março de 2011. Enquanto à sua volta uma bancada inteira se remetia a um silêncio igualitário, Seguro lançava as palmas das suas mãos uma contra a outra no afã de exibir o seu apoio ao que tinha acabado de se passar.
 
Só não percebeu quem não quis: aquele militante socialista era especial de corrida.

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