quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Paixão / Maria Teresa Horta

 
 
 
Paixão, foi o nome que dei ao prefácio, que acabo de escrever, a convite da editora "Divina Comédia",
para a nova edição de «Cartas Portuguesas», de Mariana Alcoforado.
Com tradução belíssima do poeta Pedro Tamen....

Mais uma vez, não fui capaz de resistir a Mariana, e às suas fascinantes cartas de paixão portuguesa.

Mais uma vez me envolvi, pois, com estas espantosa Cartas, arrastando ao mesmo tempo, a memória de umas outras Cartas... as «Novas Cartas Portuguesas». Aventura literária a que me entreguei, na companhia da Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa.
Estávamos ainda no tempo da censura, da falta de liberdade, da ditadura fascista, que nós nesse livro denunciávamos, e que nos moveu um processo, levando-nos a tribunal.
Foi perigoso? - Foi muito perigoso.
Mas nunca me arrependi de ter corrido esse risco. De ter escrito esse livro que continua a ser para mim, sobressalto e júbilo.

O poema que deixo hoje às minhas Leitoras e Leitores é, precisamente, das « Novas Cartas Portuguesas».

POEMA QUE O CAVALEIRO DE CHAMILLY
ENVIOU NO DIA DA SUA PARTIDA
À FREIRA MARIANA ALCOFORADO

Senhora que não
vos dais
nem a Deus nem a ternura

Que cuidais que não cuidais
em guardar corpo
e secura

Tão empenhada Senhora
vos estais no pano e no dano
em prazer e aventura
que nem vos cega o amor
nem já por mim de desejo
se vos acende a figura

Senhora se então vos perco
e da vossa boca o travo
seja eu que tão liberto
me distancio vos deixando
a raiva de me quereres perto

 
 
 
FACEBOOK
 

Sem comentários:

Enviar um comentário