quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Tanto de meu estado me acho incerto
Tanto de meu estado me acho incerto
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, justamente choro e rio;
O mundo todo abarco e nada aperto.
É tudo quanto sinto um desconcerto;
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio,
Agora desvario, agora acerto.
Estando em terra, chego ao Céu voando;
Numa hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos não posso achar uma hora.
Se me pergunta alguém porque assim ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.
Luís Vaz de Camões
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que bálsamo ler Luís de Camões nesta noite com lua cheia a desfazer-se
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