(à Antónia, quando fomos atrás dos perfumes)
Gosto de perfumes
... Mórbidos
que entorpecem os pulsos
e envenenam
os lábios
enfebrecidos e húmidos
Prefiro os perfumes
Cúpidos
com langores de pérola ávida
De torpitude
enfermiça
onde o punhal se acaba
Gosto de perfumes
Lânguidos
obscuros e exaustos
Que enlouquecem a nuca
onde o desejo se enlaça
entre lascívia e devassa
Prefiro os perfumes
Turvos
intranquilos e sedentos
A esvaírem-se
de imprevisto
num hábil gemido lento
Amo os perfumes
Torpes
que entontecem o corpo
Maculados de torpor
se os joelhos se entreabrem
macerados e volúveis
Ambíguos e vulneráveis
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