segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Perfumes mórbidos \ Maria Teresa Horta



(à Antónia, quando fomos atrás dos perfumes)

Gosto de perfumes
...
Mórbidos
que entorpecem os pulsos

e envenenam
os lábios
enfebrecidos e húmidos

Prefiro os perfumes
Cúpidos
com langores de pérola ávida

De torpitude
enfermiça
onde o punhal se acaba

Gosto de perfumes
Lânguidos
obscuros e exaustos

Que enlouquecem a nuca
onde o desejo se enlaça
entre lascívia e devassa

Prefiro os perfumes
Turvos
intranquilos e sedentos

A esvaírem-se
de imprevisto
num hábil gemido lento

Amo os perfumes
Torpes
que entontecem o corpo

Maculados de torpor
se os joelhos se entreabrem
macerados e volúveis

Ambíguos e vulneráveis

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