segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O verme e a estrela | Pedro Kilkerry



Agora sabes que sou verme.
Agora, sei da tua luz.
Se não notei minha epiderme...
É, nunca estrela eu te supus
Mas, se cantar pudesse um verme,
Eu cantaria a tua luz!

E eras assim... Por que não deste
Um raio, brando, ao teu viver?
Não te lembrava. Azul-celeste
O céu, talvez, não pôde ser...
Mas, ora! enfim, por que não deste
Somente um raio ao teu viver?

Olho, examino-me a epiderme,
Olho e não vejo a tua luz!
Vamos que sou, talvez, um verme...
Estrela nunca eu te supus!
Olho, examino-me a epiderme...
Ceguei! ceguei da tua luz?



Pedro Kilkerry (10 de março de 1885, Salvador, Bahia - 25 de março de 1917, Salvador, Bahia) - Poeta ligado ao período simbolismo brasileiro. Descendentes de ingleses por parte de pai, jamais publicou um livro, embora tenha contribuído para vários jornais e revistas literárias da época. Sua obra foi recuperada pelo poeta Augusto de Campos para o grande público.

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