segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Não fadado para a função, no mínimo



Penélope | Blog Aspirina B




Dizer que causa estranheza, ou mesmo vergonha, a reação de António José Seguro ao anúncio da concessão a privados da RTP/RDP é mentir. Por demasiadas vezes o líder do principal partido da oposição mostrou que reações frouxas, canhestras e inconsequentes são o seu forte, passe o paradoxo. Nenhum rasgo de brilhantismo, contundência, simples clareza ou clarividência é já de esperar daquela boca ao fim de mais de um ano de afabilidade, segundo o próprio, “responsável”.

Começar por dizer, em festa na Madeira, que, quando for poder, o PS reprivatiza a RTP, já de si uma patetice sem jeito, e só mais adiante apelar ao veto do Presidente Cavaco é de uma falta de talento e de preparação lamentável. Seguro anda a Leste e desconhece que há um Norte. Ninguém também parece querer mostrar-lho e o homem está tristemente entregue a si próprio. O conformismo de tais declarações é duplo: primeiro, dá a decisão por tomada e depois, por obra de algum espírito santo de orelha ou de um assomo de memória da lição mal estudada, apela ao veto (“Eu espero que essa proposta não passe no crivo do senhor Presidente da República.”), mas arranjando logo maneira de integrar novo conformismo ao ressalvar “Mas, se passar, quando o PS for governo voltará a existir um serviço público de televisão“. Homem, como? Cria um de raiz? Entra na guerra jurídica da anulação do contrato de concessão, previsivelmente bem blindado? Ah, talvez só preveja ser primeiro-ministro daqui a 20 anos.

O que nos leva a perguntar como seria um líder da oposição que tivesse estabelecido um pacto secreto com o atual primeiro-ministro de não oposição parecendo oposição. A resposta parece-me óbvia.


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