quinta-feira, 10 de maio de 2012

Do tempo

Frei Castelo Branco




Deus nos pede do tempo estreita conta!
É forçoso dar conta a Deus do tempo.
Mas como dar, do tempo, tanta conta,
Se se perde sem conta tanto tempo?!


Para fazer, a tempo, a minha conta,
Dado me foi, por conta, muito tempo,
Mas não cuidei no tempo e foi-se a conta...
Eis-me agora sem conta, eis-me sem tempo...


Ó vós que tendes tempo e tendes conta,
Não o gasteis, sem conta, em passa-tempo,
Cuidai, enquanto é tempo, em terdes conta.


Ah! Se quem isto conta do seu tempo
Tivesse feito, a tempo, apreço e conta,
Não chorava, sem conta, o não ter tempo.

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