
Penélope | Blog Aspirina B
Enquanto assistimos a sucessivos episódios que demonstram a total inépcia, a técnica da mentira e o embuste de quem nos governa e aos golpes baixos de Cavaco ao estilo agressivo e trapaceiro do Correio da Manhã, assim desviando as atenções das suas próprias misérias e das do governo na tentativa de as centrar no eterno Sócrates, Seguro, o líder da oposição, anda afastado na província em mais um roteiro, desta vez dedicado ao Serviço Nacional de Saúde, um tema que, embora importante, eternamente importante, está muito longe de estar no olho do furacão neste momento. Já não é a primeira vez que Seguro anda a “tratar de assuntos” à margem das grandes polémicas. Já não é a primeira vez que Seguro perde oportunidades políticas. Que outros aproveitam.
Como era de prever, não tardaria muito a que os Relvas e Coelhos impreparados que ganharam as eleições com base em mentiras começassem a perder o Norte, tendo, mesmo assim, demorado alguns meses. Valeu-lhes que uma Troika lhes definiu um programa de cortes e vendas. Não fossem os cortes e as vendas da Troika e não teriam outra política, exceção feita à que consiste em colocar os amigos e apoiantes em cargos importantes do Estado.
Ora, se algum efeito positivo as manobras de Cavaco poderão ter será o de agitar as águas no PS, demasiado espartilhado pelo timorato Seguro (e não estou a falar do Memorando). Seguro não está à altura do combate. Seguro não assume e muito menos defende as políticas do governo anterior, nas quais se centra o ímpeto demolidor do governo atual. Seguro transforma o PS num alvo facílimo para a maioria, que se sente perfeitamente à vontade para mandar para os jornais e para o ar todas as falsidades de que se lembre. Seguro é incapaz de as desmontar, Seguro está pronto a aceitá-las como verdades, Seguro não gostava de Sócrates. As sondagens não mostram Seguro a capitalizar grande coisa.
É absolutamente intolerável que, perante as mentiras de Nuno Crato sobre a Parque Escolar, perante o desfecho do episódio da Lusoponte, as trapalhadas com os dividendos da EDP, os salários da TAP e CGD, e perante os ataques velhacos de Cavaco, Seguro entregue a oposição ao Bloco de Esquerda e não diga nada ou diga palavras de circunstância, como as de não compreender a utilidade das acusações de Cavaco. Não compreende e o problema está aí: devia compreender, porque são extremamente úteis para alimentar o ódio a Sócrates que é o único combustível desta direita.
Houve quem dissesse que o caso “Prefácio do ajuste de contas” contribuiu para unir o partido socialista. Aparentemente, numa primeira fase, sim. Mas só aparentemente. Vistas bem as coisas, a atual direção saiu muito pouco a terreiro para corroborar e apoiar os que não demoraram a repor a verdade e a decência. Positivo seria, pois, que o caso servisse para agitar as águas a sério lá no Rato no sentido de dar uma liderança capaz ao partido.
É impossível Seguro unir o partido e a razão é muito simples: os seus melhores elementos, que estão bem cientes do que valem, não se identificam com ele. Nem poderiam: o desnível é demasiado. Do lado de Sócrates estavam e estão os melhores.
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