quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Que importa?

Florbela Espanca




Eu era a desdenhosa, a indiferente.
Nunca sentira em mim o coração
Bater em violências de paixão,
Como bate no peito à outra gente.

Agora, olhas-me tu altivamente,
Sem sombra de desejo ou de emoção,
Enquanto as asas loiras da ilusão
Abrem dentro de mim ao sol nascente.

Minh’alma, a pedra, transformou-se em fonte;
Como nascida em carinhoso monte,
Toda ela é riso e é frescura e graça!

Nada refresca a boca um só instante…
Que importa?… Se o cansado viandante
Bebe em todas as fontes…quando passa?…

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