quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O ESTADO A QUE ISTO CHEGOU



--- Eduardo Pitta, Blog Da Literatura


Teixeira dos Santos foi crucificado por ter deixado chegar aos 7% os juros da dívida pública. Carlos Moedas, negociador do PSD junto da troika, disse mesmo que bastava mudar o governo (i.e., afastar Sócrates) para fazer descer as taxas de juro. Disse mais: por causa das reformas que o PSD faria no governo, as agências de notação iriam subir o rating da República. Foi esse o mote da campanha eleitoral. O PSD ganhou as eleições. Carlos Moedas tornou-se secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro.

E então? Nos últimos seis meses, o governo aumentou o IVA, as propinas, a electricidade, o gás e os transportes; reduziu as prestações sociais (subsídio de desemprego, RSI e outras); impôs um imposto extraordinário de 50% sobre o subsídio de Natal de 2011; reduziu em 15% o rendimento anual bruto dos pensionistas, funcionários públicos e trabalhadores do sector empresarial do Estado; introduziu portagens nas Scuts; eliminou deduções em sede de IRS nas despesas de habitação, saúde e educação; aumentou em mais de 100% o valor dos actos médicos e das taxas moderadoras; facilitou os despedimentos; prepara-se para aprovar um novo Código de Trabalho, etc. Há mais, mas isto chega. Aconteceu o quê?

Por duas vezes, nos últimos seis meses, as agências de notação baixaram o rating da República. E os juros romperam a barreira dos 14%.

Afastado Sócrates, a culpa é naturalmente da Grécia.

[Imagem: Público.]

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