domingo, 29 de janeiro de 2012

Inépcia política total




---Penélope, Blog Aspirina B

Repare-se bem no que diz Seguro sobre o programa imposto à Madeira:

“É “um acordo entre familiares do PSD, que aplica àquela região autónoma a mesma receita do Continente, isto é, empobrecer”, disse o líder socialista, acrescentando que a Madeira “vai ser duplamente prejudicada” com esta opção.”

Fonte

Ou seja, começando por dizer que é tudo em família, o que nos prepara para uma conclusão de que os madeirenses sairiam beneficiados para lá do razoável, Seguro surpreende-nos depois dizendo que se trata de uma família, sim, mas, desafiando toda a lógica, uma que gosta de empobrecer, que terá aparentemente feito uma espécie de pacto de empobrecimento (!), concluindo estranhamente que a Madeira vai ser duplamente prejudicada. Enfim, um quadro em que Jardim ou não existe ou não encaixa.

Seguro prova mais uma vez que perspicácia política é coisa de que, já tendo ouvido falar, não possui. Para efeitos políticos, toda a população do continente concorda que se imponha um programa duro à Região Autónoma da Madeira. Mais: dificilmente aceitaríamos que Jardim manhosamente “se safasse” com os seus esquemas habituais e ameaças separatistas. Em suma, o governo marca aqui um ponto aos olhos dos eleitores do continente. Quem não vê isto, é burro.

Nesta questão da Madeira, se Seguro não tem uma posição claramente entendível (conhecendo-o, admito que ande ali a navegar entre defender o povo madeirense – que, convém lembrar, sempre votou maciçamente em Jardim e, mesmo conhecendo as falcatruas e as inevitáveis consequências em 2011, continuou a votar nele em peso – e acusar o PSD de alguma coisa), melhor seria que se calasse. Mas, se lhe pedem que fale, ao menos que refira as vigarices continuadas de Jardim e o interesse dos madeirenses em arredá-lo do poder; ou a conivência e proteção de que beneficiou até ser reeleito. Tudo o que for além disto só pode dar asneira.

Para além do facto, não despiciendo, de estar implicitamente a fazer comparações inaceitáveis entre a dívida da Madeira e a do continente, a confundir deliberadamente ou por estupidez as razões de ambas e a branquear no fundo Jardim e o seu desrespeito grave pela lei (cerca de 7000 milhões de euros ocultados da contabilidade, a quase totalidade dos quais vai ser paga por nós). A dívida astronómica da Madeira (ocultada, ocultada) não tem absolutamente nada que ver com a crise de 2008, nem com a resposta ao encerramento de empresas nem com o apoio aos desempregados, como no continente, que, aliás, foi autorizado a desrespeitar os limites do défice e a aumentar a dívida pela própria União Europeia. No continente, todas as contas públicas eram acompanhadas pelas instâncias europeias, sendo impossível ocultações. Seguro não pode ignorá-lo. Esta sua postura ambígua e populista é totalmente descredibilizadora e sobretudo politicamente ineficaz.
Jardim e o PSD formam, de facto, uma família, mas uma família política em que leviandades e fraudes e vigarices de toda a espécie não escasseiam. Este é o ponto.

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