João José de Melo Franco
Reconstruo meu cérebro com o que restou de ti,
como se caminhasse nas ruas
com a massa inerme nas mãos.
Como se em mim já não coubesse mais
o instrumento com que organizei paisagem
que fiz com o que não pude ver,
como se nada mais sentisse do que fiz ou fui.
Assim, não parece tão má a enorme desesperança,
em que o desesperar não mais aflige a palavra amor,
que agora flutua inerte entre meus dentes sem fome,
como se soubessem de uma morte sem medo,
e para ela sorrissem, vazios,
como no vazio me dissipo,
através do amor que por aí deixei.
João José de Melo Franco nasceu em Barretos, São Paulo, em 1956, e hoje, reside no Rio de Janeiro. É poeta, tradutor, publicitário, cineasta e editor, e estreou, em 1979, com o livro Primeira Poesia. Depois publicou Esse Louco Desejo (1980) e Amor Perfeito (1984). Em 2006, depois de 20 anos afastado do mercado editorial, publicou O Mar de Ulisses, pela Ibis Libris Editora. Em 2010, publicou Pequeno Dicionário Poético.
:::Corujão da Poesia/Blog do Noblat
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