domingo, 31 de julho de 2011

Razão, Inteligência, Convicção e Crime

Pacheco Pereira, Blog Abrupto




Há muitos anos escrevi que, atrás de uma metralhadora, são mais perigosas as ideias do que os interesses, porque as ideias encarnadas num humano disparam sempre. E também quem conheça a história sabe que a razão, a inteligência e a convicção convivem melhor do que se pensa com a violência e o crime. Pode vir a verificar-se que o autor do morticínio norueguês é louco, mas duvido muito que o seja. Presumo que seja até bastante normal, e até acima do normal, no sentido em que combina qualidades que noutro contexto seriam bastante apreciadas. Por exemplo, no mundo empresarial: é um bom organizador, é determinado, toma iniciativa, é bastante capaz na prossecução dos seus objectivos. Parece uma cópia de Timothy McVeigh, que fez uma coisa semelhante e caminhou para o cadafalso sem arrependimento. (Já me parece menos parecido com Theodore Kaczynski, o Unabomber, mais para o lado do génio perturbado, que estava mais à esquerda e que tinha alvos mais selectivos do que o norueguês.) Calmo, frio, calculista e respondendo à mesma pergunta completamente racional quanto incómoda sobre a natureza humana: quantas pessoas tenho que matar para “marcar o meu ponto”? Só há uma resposta para esta pergunta: muitas, o maior número possível. O mal é mais natural do que o bem.


O norueguês está mais perto de nós do que nos agrada pensar. A nossa obrigação é colocarmo-nos bem longe dele e só o podemos fazer usando armas da cultura e da civilização. O direito, o respeito pela dignidade humana, a democracia, o repúdio da violência política. Mas nada disto cresce nas árvores, não vem da natureza


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:::Público

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