
A voz do amor vem várias vezes,
mas a alma ama uma vez só.
De estrelas há um trilhão e treze
e somem quando um sol sem dó
recobre-as todas de ouro em pó.
No céu em que eu andei às vezes,
as belas balelas dos deuses
- neoclássicas, de um rococó
ou de um barroco de encomenda
ou de ilusão – de vez em quando
iam chegando e iam passando,
até que um dia um ser de lenda
passou por lá e pô-me a venda
da luz total nos olhos cândidos.
Bruno Lúcio de Carvalho Tolentino (Rio de Janeiro, 12 de novembro de 1940 - São Paulo, 27 de junho de 2007) - Publicou seu primeiro livro aos 23 anos, "Anulação e outros reparos", já obtendo boa críticas. Após o Golpe de 64, mudou-se para a Europa, onde viveu 30 anos. Foi professor de literatura em Oxford e tradutor-intéprete da Comunidade Econômica Européia. Recebeu o Prêmio Jabuti três vezes pelos livros "As horas de Katharina", "O mundo como ideia" e "Imitação do amanhecer".
- Blog do Noblat
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