sábado, 6 de novembro de 2010



:::Blog Da Literatura, por Eduardo Pitta



Vasco Pulido Valente, Acreditar em Portugal, hoje no Público. Excertos, sublinhado meu:


«O dr. Cavaco Silva inaugurou anteontem a sua sede nacional de campanha, que fica no princípio da Av. da Liberdade em Lisboa. Um enorme outdoor deste inimigo jurado de outdoors pede ao transeunte incauto que “Acredite em Portugal”. Neste momento, a operação é naturalmente difícil. Mas Cavaco ama a dificuldade. Rodeado pelos fiéis defuntos da política portuguesa, nada lhe parece impossível. Estavam lá Diogo Freitas do Amaral, que o ama em segredo há cinco anos, Manuela Ferreira Leite, que o serve muito publicamente há quatro, e fantasmas sortidos como Bagão Félix, Braga de Macedo, Moreira da Silva, Filipe La Féria e até um antiquíssimo ministro do eng. Sócrates que sobre o tarde se descobriu uma irresistível “coragem cívica” para “servir o país”. Com esta companhia uma pessoa consegue acreditar em tudo. Mesmo em Portugal.


[...] De qualquer maneira, ele fica bem, empertigado e sisudo, ao lado dos Jerónimos, lembrando ao povo e aos turistas que Portugal não desapareceu e continua a cozer pacificamente a sua miséria à beira do rio. E a actividade excursionista, que o levará com certeza a cada aldeia do nosso querido berço não deixará de alegrar os rústicos que não frequentam a Europa e, principalmente, de espalhar a esperança e promover o patriotismo indígena. Fora isso, o dr. Cavaco não serve para nada, excepto para substituir um grupo de políticos por outro grupo de políticos precisamente igual ao primeiro, e às vezes para observar de um palanque a Guarda Republicana em uniforme de gala. O que chega e sobra para os portugueses votarem nele.»

Sem comentários:

Enviar um comentário