
Chega a ser comovente a profissão de fé na transparência da vida pública manifestada pela coligação que junta notórios fascistas, comunistas ortodoxos e trotskistas contumazes. Verdade que, no meio disto, também há gente para quem a liberdade não é uma palavra vã. Alguns até são meus amigos.
De repente, toda a gente acha intolerável a revelação de um putativo plano de controlo de parte da comunicação social alegadamente maquinado com o beneplácito do anterior governo. De facto, a serem provadas tais deduções (convém não esquecer que estamos a falar do teor do despacho em que um juiz expõe o seu parecer dos factos aduzidos), os envolvidos saem mal no retrato.
O que me encanita não é isso. É, por um lado, o descaso de quase toda a gente no tocante à violação do segredo de justiça. E, por outro, o blasé com que os que agora se indignam (não) reagiram face ao Limagate. Não reagiram na altura, perante um facto de contornos putschistas, nem reagiram quando, há poucas semanas, o assessor Lima publicamente desmentiu quem acolitou a tramóia, sem que os visados dissessem um ai.
Com dois pesos e duas medidas não se vai a lado nenhum.
por Eduardo Pitta
- Blog Da Literatura
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