quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Ostinato



Ao desejo,
à sombra aguda
do desejo,
eu me abandono.

Meu ramo de coral,
meu areal,
meu barco de oiro,
eu me abandono.

Minha pedra de orvalho,
meu amor,
meu punhal,
eu me abandono.

Minha lua queimada,
violada,
colhe-me, recolhe-me:
eu me abandono.


Eugénio de Andrade
Mar de Setembro

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