Há em Roma um mistério. Os jornais italianos têm uns especialistas que não são
comuns nos outros países: os vaticanistas. Esses especialistas apresentaram,
durante o conclave, os papabili mais certos, um italiano, um brasileiro, um
canadiano e um par de americanos. E, como isto é assunto de Espírito Santo,
também uns outsiders, um húngaro, um austríaco, um francês... Faltou aos
vaticanistas falar de alguém. Ora, eles sabiam que no precedente conclave o
argentino Bergoglio fora o principal adversário de Ratzinger. Esse, o mistério:
porque não entrou ele nos prognósticos? Como demonstrou em poucos dias,
Bergoglio é um líder notável. Adotou um nome inspirado em São Francisco de
Assis, o santo dos pobres, o que é hoje todo um programa para quem quer animar a
Igreja. Porquê, então, os especialistas se esqueceram do cardeal Bergoglio? Há
uma igreja em Roma, a de Santo Inácio de Loyola, fundador dos jesuítas, que
talvez tenha a resposta. Na cúpula, que não é uma, está pintada em trompe-l'oeil
uma imensa cúpula que nos leva, fascinados, ao engano. Os jesuítas em cinco
séculos serviram e influenciaram com a capacidade dos sábios e só agora, com
Bergoglio, têm um Papa. Que ele e os seus queiram o poder não me surpreende, é
próprio de quem tem convicções. O que me impressiona é que a Igreja Católica,
porque está em crise, tenha escolhido os melhores. Olha, outro mistério: estar
em crise e escolher os melhores.
Sem comentários:
Enviar um comentário