quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Quando a caridade disfarça o ataque ao Estado Social

     
      “Sou mais adepta da caridade do que da solidariedade social…”


Não é de excluir liminarmente que a posição de Isabel Jonet resulte da necessidade de defender o negócio que tem em mãos. Mas a senhora, ao reconhecer na estrevista ao i que o seu negócio não chega para as encomendas, está a fazer um elogio involuntário às políticas públicas.

Que seria dos pobres deste país sem os apoios do Estado? Veja-se: de acordo com o Eurostat, a taxa de risco de pobreza foi de 19% em 2007 e de 18% entre 2008 e 2010. Se não tivesse havido apoios sociais, a taxa de risco de pobreza teria subido para mais de 40%.

Mas Jonet prefere a “caridade” — um acto que pode ser meritório, mas que depende da vontade e da disponibilidade de cada um — à “solidariedade social” — que resulta da redistribuição dos rendimentos através dos impostos.

Ao revelar esta sua preferência, a presidente do Banco Alimentar está a fazer o que sempre faz nas suas constantes aparições na comunicação social: aproveitar o palanque da caridade para o seu persistente combate contra o Estado Social. Seria bom que os defensores da caridade estivessem mais atentos à praxis teórica de Isabel Jonet, sempre em sintonia com as posições mais retrógradas da sociedade.

 
Miguel Abrantes
Blog Câmara Corporativa

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