sábado, 25 de outubro de 2014

Leituras




Hoje

Esta semana, Pedro Adão e Silva e Pedro Marques Lopes ainda andam à volta com o OE2015. O documento serve de pretexto para falar do estado da coligação, e das alterações que o governo introduziu na reforma do IRS. Nesta edição, ainda, mais uma polémica à volta de uma entrevista de Rui Machete. Em exclusivo para TSF.pt, fala-se da despedida de Durão Barroso, e de uma resolução do conselho de ministros, sobre a reorganização dos serviços de atendimento da Administração Pública.





(via  Nuno Oliveira Facebook)
Expresso,
25.10.2014



Lobos solitários, os mais difíceis de caçar
por FERREIRA FERNANDES | Diário de Notícias

Lobos solitários?! Agora é essa a frase-pub, o bordão de sociólogo, a desculpa do impotente? Um canadiano atropela dois militares, mata um e fere o outro e é abatido. Tinha uma história qualquer de passaporte pedido e recusado, talvez tivesse simpatias para com o terrorismo islâmico. Depois, em Otawa, capital ainda mais pacata do que o pacato Canadá, um terrorista mata a tiro um soldado e é também abatido, perto do Parlamento. Esses assassinos de militares pertencem, perdão, o termo é errado, pertencer pressupõe grupo. Eles são, um a um, cada um isolado, agindo sozinho, espécimen dos tais lobos solitários. Essa raça de predador que, esta semana, destronou o ébola do ranking dos medos universais.
Sabia-se que o Estado Islâmico recrutava combatentes para a Síria e para o Iraque, aliciados em Toulouse ou em Bristol por emir ou clérigos extremistas já fichados pelas polícias locais. O primeiro comportamento das autoridades foi permissivo. Afinal estava-se em países democratas, não havia factos com que acusar, as ideias eram parvas, mas só ideias, e viajar livremente é uma das garantias da liberdade. Ora, acordou-se com um desses querubins de faca mal afiada a cortar o pescoço de um homem (e outro, e outro...) - e em espetáculo filmado e comentado para o mundo inteiro pela internet, jornais e televisões.
A Europa e a América descobriram que tinham exportado magarefes. Souberam pelo lado que mais as impressionavam, vendo--os a matar seus, europeus ou americanos, jornalistas ou membros de ONG. Na verdade, os jihadistas exportados cometem tropelias em massa nos países que invadiram: ainda não vimos, não sentimos, não fazemos a menor ideia do que iremos chorar em filme de Hollywood, daqui a anos (ou meses, a reação de quem pensa em bilheteiras é mais rápida do que a das campanhas humanitárias). Uma mãe yazidi (talvez Susan Sarandon, de olhos pisados) que viu o filho adolescente com tiro na nuca e a filha, menina, ser obrigada a casar-se com a bênção de Alá. Menina mesmo, 11 anos, casada três dias com um, e logo com outro (são pormenores para o filme). Mas isso, por ora, é ficção (só no escuro da sala de cinema daremos conta do que aconteceu). Na realidade, o que nos alertou até agora foi a morte "dos nossos."
Entretanto, os países exportadores de centenas de assassinos começaram a preocupar-se com os monstrinhos que tinham criado. Londres acolhera durante anos os iluminados que radicalizaram esses jovens à vista de todos e sob a atenção dos relatórios policiais que davam a noção de um controlo afinal fictício. Na semana passada, porém, essa Londres já discutia se não seria mais prudente desenterrar a legislação antiga que fizera enforcar, a seguir à II Guerra Mundial, o traidor que havia feito propaganda nazi na Rádio Berlim... Interessante, para confirmar como navegamos à vista. O receio do Ocidente virou-se para os cabeças quentes a regressar da Síria e do Iraque com cabeça mais quente, mais assanhados e mais experientes. Guardava-se uma esperança. Terem seguido os muçulmanos radicalizados dava aos serviços de segurança ocidentais a ilusão de que lhes seguiam os contactos e as ligações.
Mas eis que o Estado Islâmico, que já surpreendera ao mostrar que era possível ir mais longe do que a Al-Qaeda, encontrou novo nicho de mercado. Servindo-se das armas que lhe eram dadas de graça, o Facebook, o YouTube e o Twitter, contactou, em pleno território infiel, os concessionários que, em seu nome, Estado Islâmico, iriam agir sem que esse contacto fosse controlado. Um franchising que permite sem faturas ou recibos levar as empresas unipessoais a agir por conta da multinacional islâmica.
E chegámos, assim, aos lobos solitários. Os lobos mais difíceis de caçar. Sem conexões, nem pistas e até sem a ambição dos terroristas pelos atos bombásticos cuja preparação obriga a uma organização que alerta as polícias. Um lobo solitário está disposto a morrer levando só consigo um inimigo. Tiro dado, tiro recebido - e, no entanto, o máximo da propaganda. O terrorismo talvez mais eficaz. Eficaz? Sim, as Forças Armadas canadianas deram ordem aos seus soldados para andar à civil! Com um tiro não só se desarmou o inimigo, desfardou-se o Ocidente.


MURO DA VERGONHA




















 


A foto de José Palazón que hoje* faz capa do El Mundo dispensa comentários. Em Melilla, a poucos metros de um clube de golfe, emigrantes ilegais tentam saltar o muro que os separa de Espanha e do sonho europeu. Entre o muro e o green existe uma vala profunda. Nada que perturbe os golfistas. Clique na imagem.

*quinta-feira, Outubro 23, 2014





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